quinta-feira, 12 de julho de 2012

Aflições do macho moderno: dividir ou não a conta, eis a questão!





Olá! Como está você? E os seus amigos?


Pois bem. Lá veio o meu amigo novamente com dúvidas, inquietações e ansiedades.
Dessa vez os temas que alimentaram o papo giraram em torno da condição do macho na modernidade. Por macho, desde já quero esclarecer, entende-se aquele estereótipo que desde o início dos tempos humanos foi se construindo. Certo ou errado, justo ou não, parece que algumas expectativas criaram raízes no comportamento social dos seres do sexo masculino. 


Nem um conjunto de posts da envergadura da Barsa poderia dar conta do tema, por completo. No entanto, o que deu o tom na conversa com o meu amigo foram a velocidade e a pertinência de algumas mudanças, em especial no encontro entre homens e mulheres, machos e fêmeas. 


Aliás, a velocidade crescente parece um fator cada vez mais importante, atropelando (mas não impossibilitando), inclusive, a possibilidade de criação de momentos de reflexão. Não são poucos os pensadores, em especial sociólogos, que defendem o fim da modernidade. Uns falam da pós-modernidade, outros, como Zygmunt Bauman, falam de uma modernidade líquida. Quase todas as obras desse polonês simpático se valem da metáfora da liquidez para tratar da fluência, ritmo, instabilidade, efemeridade dos encontros, relações, compromissos, sentimentos. Sem querer definir o que é bom ou o que é ruim, o desejo é colocar a questão, buscar perspectivas diversas para observarmos os fenômenos em movimento.


Voltemos aos dramas do meu dileto amigo. Ele se apresenta como um macho moderno em crise. Nem falei com ele sobre o que escrevi no parágrafo anterior, pra não colocar lenha na fogueira ou, como propõe a metáfora de Bauman, jogar mais água na bagunça dele. O sentido da crise exposta pelo meu amigo é de ordem mais prática, concentrada, ao menos no papo de ontem, em uma dúvida. 


Como eu não tenho amplitude cognitiva e experimental para acolher, digerir e regurgitar respostas ao amigo, espalho as sementes das intrigas por aqui, torcendo pelo apoio do nobre leitor ou leitora:


Hora de pagar a conta. Dividir ou não, eis a questão! 
Um casal que está se conhecendo combinada uma saidinha. Aqui ou acolá, não importa muito, já que hoje em dia a gente quase paga até mesmo pra respirar. Pensou, pagou. Não pensou (mais comum), pagou também. Duas pessoas vão ao cinema, pode contar com a morte de 50 reais. Se for comprar pipoca, acrescenta mais uns 20 reais, tranquilamente. Meu amigo chegou a me dizer que já pensou em um critério de seleção de companhia: se a pessoa gosta de programas culturais, tem de ter carteira de estudante pra pagar meia. Se não gosta tanto assim de cultura, a carteira é dispensável. Outro exemplo: degustar a culinária japonesa causa boa impressão. Segundo meu amigo, demonstra bom gosto, uma certa elegância minimalista, um ambiente mais aconchegante e outros telecotecos e balacobacos. 
Mas e aí? Como fica na hora da dolorosa, la cuenta maldita? Pode pegar muito mal levar (inclusive e especialmente em termos estomacais) a pessoa a um rodízio de 16,90 cruzeiros. Fugindo desses locais do grupo culinário "Jesus tá chamando", facilmente o jantar ficará na ordem de 100 a 150 reais. Se a bonita beber saquê, salga um pouco mais o copo e a conta. Mas a pior dúvida se concentra no momento do "cê que sabe". 
A noite foi legal, um Woody Allen ou Lars von Trier pra impressionar, depois um sashimi e um temaki, conversa vai, conversa vem, e o meu amigo pergunta a ela: "vamos pra onde?". Segundo ele, quando a noite fluiu legal, pode vir a resposta "cê que sabe". Dizem os especialistas que essa resposta traz consigo uma indicação de que um momento mais aconchegante ou íntimo pode estar se aproximando. 
Traduzindo em miúdos, propor um motel pode não ser uma ofensa moral ou mortal, mas, sim, algo que a companheira esteja esperando. Toca pros redutos que concentram tais empreendimentos comerciais. Ainda segundo o meu amigo, a Raposo Tavares concentra uma vasta gama de ofertas. Aliás, o nome Raposo Tavares exala virilidade. Voltando aos finalmentes da noite bem sucedida, chega a hora de escolher em qual portãozinho luminoso entrar. Alguns dão dicas importantes, com faixas estampadas com os preços do "momento". Outros só permitem a observação das opções quando ocarro já está meio pra dentro e meio pra fora do estabelecimento. Daí meu amigo diz que fica aquela situação: entrar no motel da faixa com tinta vermelha indicando 29 cruzeiros pega mal? E se o cara for valente e parar na frente da tabelinha de preços com o funcionário pedindo RG e perguntando qual é a suíte desejada? Escolhe com hidro ou sem? Com lareira ou com piscina? Tantas variáveis, tantas partituras para a mesma obra: e na hora de pagar a conta?
Importante lembrar, a esta altura da reflexão, que o amigo sabe que tem gente que não liga pra essas coisas, que não se importa de comer num lugar mais simples, que prefere alugar um filme e já ficar em casa e tantos outros etceteras. Meu amigo é pragmático na exposição de suas dúvidas. Ele quer saber no caso específico da situação em que o roteiro descrito acontece. Em que proporção o homem deve assumir a responsa de pagar todas as contas? Total, parcial, nenhuma. Se total, será que isso pode ofender a fêmea moderna? Se parcial, melhor falar abertamente desde o início do papo ou resolver na hora daquela "semgraceira" do vai-e-vém de carteiras e cartões quando chega o garçom com aquela capinha de couro e a maquininha?
Ele me disse que às vezes a mulher diz que quer dividir, talvez mobilizada pela consciência do sofrimento do macho moderno, ou ainda, pela satisfação (muito nobre, aliás) de poder compartilhar também o momento da conta, uma vez que ela trabalha e já conquistou o seu espaço. Mas será que o macho deve concordar de cara? Não concordar nunca? Insistir muito que não precisa, mas na segunda ou terceira vez que ela oferecer, concordar meio que contrariado, dizendo que só aceita para não ser chamado de machista?


Enfim, são tantas as possibilidades que é melhor parar por aqui. Penso que o sentido da questão já esteja colocada. Se você, macho ou fêmea moderno, pós-moderno ou líquido, já passou por situações assim, fica o convite à contribuição por meio de dicas. Meu amigo funciona melhor com exemplos práticos. Portanto, conte como você resolveu ou costuma resolver situações como essas e outras de natureza semelhante. 

É, turma... Tá puxado ser macho na modernidade... 

6 comentários:

  1. Hahahaha ótimo texto. Eu acho que eh uma questão de consciência. A não ser que o seu companheiro seja um mais novo rico...Venhamos e convenhamos..Não tá fácil para ninguém. O cara pagar tudo na primeira vez, até vá lá..Mas depois, para mim eh questão de justiça dividir. Menos motel neh :P Mas essa questão é facilmente resolvida se um dos dois morar sozinho hehehehe

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  2. Puxa! eu sempre pensei que a posição do homem nas relações é bem mais complicada do que a de mulher, e lendo teu texto só reforça meu pensamento... eu sempre achei justo dividir as contas, afinal, as mulheres lutaram tanto pelos "direitos iguais" não podem querer pular esta parte não é? e é injusto mesmo que um só arca com as despesas de algo que irão desfrutar juntos. Se na primeira vez o cara faz questão de pagar sozinho a conta, td bem, mas que então já fique combinado que numa próxima vez a conta seja dividida. E não por questão de machismo, feminismo ou algo do tipo e sim por consciência. Acho importante também a sinceridade, se resolveram dar uma esticadinha à um motel, não ter receios de abrir a possibilidade da escolha por um quarto mais simples. E porquê não dividir esta despesa também? O homem não precisa se esforçar para impressionar uma mulher, a impressão que ela tem que ter dele é a mais natural possível... é esta que realmente vale e que irá acompanha-los no dia a dia e é por este homem verdadeiro e sincero que vale à pena se encantar. O resto? ah, o resto é apenas ilusão (em alguns casos, interesse)enfim... sobre a questão acima, acho que um dia dividem, outro racham, uma hora um paga e outra o outro paga... cumplicidade é td!!!!

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  3. Depende muito do tipo de pessoa que vc está saindo, porque há os que acreditam que se o homem pagar a conta é questão de gentileza, elegância. E tem homens (eu diria) os mais maduros e de situação financeira estável e, que ainda vivem à moda antiga que entendem como uma ofensa e querem continuar impressionando. Mas em tempos modernos, penso ser justo a divisão da conta, já que nós temos lutado tanto por direitos e espaço na sociedade. Mas na hora da conquista td é válido, uma conversa, um olhar, um beijinho podem mudar o destino de uma simples noite....

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  4. Sempre insisto para dividir a conta MAS sempre esperando que ele tome a frente, e não é pelo valor envolvido e sim pelo ato, e se o homem não toma a frente, fico um pouco decepcionada, algumas amigas falam que isso é resultado de uma família do "tempo da pedra", porque se eu insinuar que vou pagar alguma coisa quando saio com os homens da família, estarei ofendendo imensamente eles....Então mesmo que a mulher insista, pague sozinho ou melhor nem chegue a discutir isso.

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  5. Olá, pessoal!
    Boa tarde. Gostoso ler os comentários que vocês deixaram.
    Interessante perceber a opinião de vocês. Viva a diversidade, e viva também a sensível capacidade intuitiva de não ir pra nenhum extremo.
    Certamente meu amigo apreciará as contribuições que vocês fizeram! :o)
    E vamos trocando ideias!
    Beijos e sorrisos,
    Felipe Mello

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  6. Kra, se eu fosse muié, obrigaria meu macho a pagar a dolorosa...porém, sou muito macho..assim sendo, na hora de pedir a maldita eu ja deixo a calculadora do celular no jeito... meio a meio.... fifty fifty....assim que funciona... se achar ruim, paga tudo...bruto...

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